sexta-feira, 27 de julho de 2012

Neopentecostalismo: Um Desserviço ao Evangelho!

Posted: 26 Jun 2011 01:35 AM PDT
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Por Valdir Davalos
Diversos movimentos pentecostais têm surgido ao longo dos anos. Portanto, é preciso saber distinguir o verdadeiro do falso pentecostalismo. O conhecido movimento denominado neopentecostal surgiu nos meados do século XX. O neopentecostalismo se propôs a dinamizar as práticas litúrgicas, a cristologia, a eclesiologia e a prática hermenêutica. No que diz respeito à prática litúrgica, o neopentecostalismo apresenta um problema dos mais graves. Em seus cultos, as campanhas de cura, prosperidade material, saúde e revelação têm proeminência. A preocupação maior não é a glória de Deus, mas as necessidades humanas focadas por uma ótica hedonista.
O slogan das igrejas neopentecostais é: “Você nasceu para vencer”. É uma frase elegante e até estimula nossa vida diária, mas está teologicamente errada. Nós não nascemos para vencer. Nascemos para servir e glorificar a Deus. Nascemos para viver com Deus e para Deus. O alvo da nossa vida como servos do Senhor, deve ser Deus e não nós mesmos, e não nossos projetos pessoais. O crente verdadeiro tem um único projeto: glorificar a Deus em sua vida com sofrimento ou sem sofrimento, com revezes ou sem revezes. Os mártires da igreja se viam a si mesmos como secundários e Deus como o prioritário, por isso glorificaram a Deus em seus sofrimentos. Nos cultos neopentecostais o homem é o foco, é a causa e a razão. O homem é o centro do culto e Deus torna-se servo. A liturgia neopentecostal toma uma direção totalmente horizontal. Um slogan bastante usado pelos líderes neopentecostais é: “Aqui o milagre é coisa natural”. Ora, se é natural não é milagre. Ademais, esses líderes esquecem que o culto deve expressar a natureza espiritual da igreja e seu relacionamento com Deus.
A liturgia de um culto deve enfatizar o senhorio de Jesus e não apenas Jesus como provedor de necessidades humanas. O culto neopentecostal é pobre de Bíblia. A Bíblia não é central é periférica. As pregações são cheias de chavões positivos do tipo: “Deus tem uma vitória para você nesta noite”, “O gigante será derrotado nesse culto”, “Use a fé e prospere”. Enfim, é uma epidemia de confissões positiva e pouquíssima Bíblia. Dificilmente se ouvirá uma mensagem sobre perdão de pecados, a necessidade de arrependimento, vida de renúncia e a volta de Jesus nos púlpitos neopentecostais.
Os sermões neopentecostais mostram um Jesus fraco e demônios fortes. Mostram um Jesus que salva, mas não tem poder para encher a vida da pessoa. Tanto isso é verdade que na visão neopentecostal o crente continua de quando em quando sendo possesso de demônios. Há uma supervalorização dos demônios chegando às raias do ridículo: “Comece a se manifestar pomba gira”, “Manifeste-se exu tranca-rua” são frases que saem da boca dos gurus neopentecostais.
O clima de um culto neopentecostal é de lavagem cerebral pela técnica de repetição de frases curtas: “Olhe para seu irmão e diga…” Não é um clima de ensino e doutrina. A técnica é de manipulação e de despersonalização. A letra dos cânticos nos cultos neopentecostais expressa uma linguagem mística, e muitas vezes esotérica, sem abordar as verdades fundamentais da teologia cristã. Os grandes temas da fé como a salvação, a cruz, a redenção e a justificação não são mencionados nos cânticos. A realidade é que se espremermos a maioria dos cânticos neopentecostais não dá uma colher de sopa de doutrina. As letras das músicas são guisados de Jacó que trazem malefícios à fé apostólica. Falam de paz e amor para elevar o ego dos ouvintes. Quanto à cristologia constata-se claramente que a pessoa de Jesus se esvanece no neopentecostalismo.
O Cristo dos neopentecostais é uma pessoa decorativa, é uma pálida caricatura do Cristo do Novo Testamento, pois o nome de Jesus é mostrado como se fosse uma senha para acessar o site das maravilhas e fazer o download do milagre de que se necessita. O Jesus dos neopentecostais é mostrado não como a segunda pessoa da trindade, mas como um mágico, um talismã, um nome a manipular, um dístico. Tanto isso é verdade que a ênfase teológica do neopentecostalismo não é cristológica, mas pneumatológica, ou seja, a pessoa de Jesus é apagada e a ênfase é dada ao Espírito Santo. Para os pastores neopentecostais, Cristo é o canal para nos trazer o Espírito Santo, quando na verdade é o Espírito Santo quem nos conduz a Cristo e que desvenda a pessoa de Cristo ao fiel. Quando a cristologia é fraca a soberba do homem é grande. A palavra de João Batista “Importa que Ele cresça e que eu diminua” não encontra espaço no neopentecostalismo.
Os líderes neopentecostais se vêem como mediadores entre Deus e os homens. Sua palavra supera o valor das Escrituras. Eles disputam espaço com Cristo. Eles gritam: “Eu senti no meu coração e pronto”, ou seja, se sentiu no coração é verdade absoluta. Esquecem esses líderes que não é que nós sentimos em nosso coração, é o que a Bíblia diz. Se sentirmos de uma maneira, e a Bíblia disser de outra, nós é que estamos equivocados, e não a Bíblia.
Os crentes antigos oravam assim: “Senhor me esconde atrás da cruz de Cristo”, os líderes neopentecostais trocaram a oração por: “Senhor esconde a cruz de Cristo atrás de mim”. De acordo com as Escrituras o verdadeiro pastor pregar a obra de Jesus, mas os pastores neopentecostais completam a obra de Jesus, ou seja, Jesus só produz efeito na vida de uma pessoa através da “oração forte” que eles fizerem. Só eles têm poder sobre os demônios, só eles têm “a chave da oração forte”. Eles são o Sumo-Sacerdote e Jesus é apenas um ente espiritual. Nesse contexto, Jesus precisa ser reforçado pela “oração forte” de um guru neopentecostal. O neopentecostalismo é maléfico, pois apresenta um Evangelho descorado onde as visões e revelações estrambóticas é o referencial para o crescimento espiritual.
Enfim, o neopentecostalismo é um desserviço ao Evangelho.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Cruz Ontem

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Você já parou para analisar a forma cruel que era a morte na cruz? O quanto uma pessoa condenada sofria antes e durante a crucificação? Quais eram os critérios para ser morto desta forma e quem implantou esse tipo de morte? Se não, vejamos:
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1 – Quem deveria morrer na cruz. Tenha em mente que a crucificação – com todos os seus horrores – era comum no primeiro século. Estima-se que os romanos crucificavam cerca 30 mil pessoas por ano. Era a forma de execução normalmente aceita para prisioneiros políticos e criminosos de várias espécies [1]. Quando Jesus foi preso, a cruz em que ele foi crucificado não era para ele, mas era para Barrabás, pois este era homicida (Mc 15.6-8). Depois do julgamento e da condenação de Barrabás, as autoridades chamaram um carpinteiro para preparar a cruz que seria dele. Ali estava o delinquente e ali estava sua cruz, preparada especialmente para ele, com suas medidas, com seu nome. Mas naquele dia os judeus prenderam Jesus. Já não havia mais tempo para chamar o carpinteiro e preparar uma cruz para Cristo. Além do mais, ali havia uma cruz vaga, apesar de ter as medidas de outro, o nome de outro, e de ter sido preparada para outro… Esse outro era eu e era você.
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2 – Quem implantou esse tipo de morte. Segundo alguns historiadores este método de tortura e morte foi criado na Pérsia, sendo trazido no tempo de Alexandre o Grande para o Ocidente, sendo então copiado dos cartagineses pelos romanos.
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3 – O sofrimento antes da crucificação. Neste ato combinavam-se os elementos de vergonha e tortura, e por isso o processo de crucificação era olhado com profundo horror. O castigo da crucificação começava com flagelação, depois do criminoso ter sido despojado de suas vestes. No azorrague os soldados fixavam os pregos, pedaços de ossos, e coisas semelhantes, podendo a tortura do açoitamento ser tão forte que às vezes o flagelado morria em consequência do açoite. As costas ficavam tão maltratadas que às vezes os cortes profundos chegavam a deixar a espinha expostas. O flagelo era cometido ao réu estando este preso a uma coluna. Os açoitamentos romanos eram famosos por serem terrivelmente brutais. O comum é que consistissem de 39 chicotadas, mas com frequência esse número era ultrapassado, dependendo do humor do soldado que a aplicava.
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À medida que o açoitamento continuava, as lacerações atingiam os músculos inferiores que seguravam o esqueleto, deixando penduradas tiras de carne ensanguentada. Um historiador do século III de nome Eusébio descreveu um açoitamento nestes termos: “As veias do sofredor ficavam abertas, e os músculos, tendões e órgãos internos da vítima ficavam expostos”. No mínimo, a vítima sofria dores terríveis e entrava em choque hipovolêmico.
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Hipo significa “baixo”, vol refere-se a “volume” e êmico significa sangue; portanto, choque hipovolêmico quer dizer que a pessoa está sofrendo os efeitos de perder grande quantidade de sangue. Isso ocasiona quatro coisas. Primeiro lugar, o coração se esforça para bombear mais sangue, mas não tem de onde; em segundo lugar, a pressão sanguínea cai, causando desmaio ou colapso; em terceiro lugar, os rins param de produzir urina, para conservar o volume que sobrou; e em quarto lugar a pessoa fica com muita sede, pois o corpo pede por líquido para repor o sangue que perdeu [2]. 
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4 – O sofrimento durante a crucificação. A crucificação foi um método de execução cruel utilizado na Antiguidade e comum tanto em Roma quanto em Cartago. Abolido no século IV, por Constantino, consistia em torturar o condenado e obrigá-lo a levar até o local do suplício a barra horizontal da cruz, esta viga era chamada de patibulum, onde já se encontrava a parte vertical cravada no chão. De braços abertos, o condenado era pregado na madeira pelos pulsos e pelos pés e morria, depois de horas de exaustão, por asfixia e parada cardíaca (a cabeça pendida sobre o peito dificultava sobremodo a respiração). Um pouco antes de morrer há um choque hipovolêmico que faz o coração bater rapidamente por algum tempo, o que contribui para ele falhar, resultando num acúmulo de líquido na membrana em torno do coração, chamado de efusão pericardial, bem como em torno dos pulmões, chamado de efusão pleural. Por isso que quando o soldado enfiou uma lança do lado de Jesus para confirmar a sua morte, tudo indica que atravessou o pulmão e o coração, e , quando foi tirada saiu um líquido de aparência transparente , como água, e é essa efusão mencionada. Esse líquido tem aparência transparente, como água, e é seguida de um grande volume de sangue, como João descreveu (Jo 19.34) [3].
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No ato de crucificação a vítima era pendurada de braços abertos em uma cruz de madeira, amarrada ou, raramente, presa a ela por pregos perfurantes nos punhos e pés. O peso das pernas sobrecarregava a musculatura abdominal que, cansada, tornava-se incapaz de manter a respiração, levando à morte por asfixia. Para abreviar a morte os torturadores às vezes fraturavam as pernas do condenado, removendo totalmente sua capacidade de sustentação, acelerando o processo que levava à morte. Mas era mais comum a colocação de “bancos” no crucifixo, que foi erroneamente interpretado como um pedestal. Essa prática fazia com que a vítima vivesse por mais tempo. Nos momentos que precedem a morte, falar ou gritar exigia um enorme esforço.
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Quando era pregado o pulso da vítima eles acertavam um nervo chamado ulna. A dor é muito grande quando se acerta ele em cheio, principalmente se for apertado e esmagado pelos cravos. A sensação é como se apertasse esse nervo com um alicate. A dor é totalmente insuportável. Na verdade ela está além da descrição por palavras. Foi necessário inventar uma nova palavra: dor excruciante. Essa palavra significa literalmente “da cruz”. Foi necessário criar uma nova palavra, porque não havia nenhuma na língua que pudesse descrever a angústia terrível provocada pela crucificação [4].
Mas todo esse sofrimento que Jesus passou os salteadores que estavam ao seu redor também passou. Esse sofrimento foi físico, mas o sofrimento maior que Jesus enfrentou não foi esse, foi o sofrimento de levar sobre si os nossos pecados (1Pe 2.24). Por isso Ele quando estava no Getsêmani ora ao Pai intensamente para que se fosse possível passasse dele o cálice que estava por beber (Lc 22.39-45). Maior que a morte física que Jesus enfrentou era a morte espiritual no momento que Ele estaria se tornando maldito em nosso lugar, como nos diz as Escrituras: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3.13).
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A lei de Deus não foi dada a nós para nos justificar, mas para nos condenar. Deus queria mostrar como era o homem perante Ele: maldito. Todo homem! Pois “maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.10). Isso é a lei do Antigo Testamento. O Antigo Testamento nos mostra que somos malditos pecadores; não somos capazes para salvar-nos; o Antigo Testamento nos mostra que precisamos de um Salvador. E o Novo Testamento nos mostra quem é este salvador: Jesus Cristo.
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Jesus Cristo nos salvou. Ele foi o nosso substituto. Ele se colocou em nosso lugar para tomar a maldição de Deus. Nós somos malditos, mas Cristo tomou a nossa maldição. Cristo sofreu por causa dos nossos pecados; Cristo foi castigado em nosso lugar. Paulo fala sobre isso, quando ele escreve: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3.13). Veja o que nos diz a Lei: “Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tiver sido morto, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas, certamente, o enterrarás no mesmo dia; porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus; assim, não contaminarás a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá em herança” (Dt 21.22,23).
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A nossa salvação está ligada com a cruz de Cristo. A crucificação de Jesus Cristo não foi um castigo qualquer. A crucificação foi uma morte maldita. Quem morreu assim foi maldito por Deus e pelos homens. Pendurada no madeiro, entre o céu e a terra. Isso quer dizer: maldito pelos homens e por Deus; nem os homens o aceitam, nem Deus. Cristo foi maldito e a morte dele mostra isso.
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Mas assim Ele devia morrer. Ele devia tomar esta maldição para nos livrar da maldição. Pois Cristo estava pendurado na cruz, não por causa de um pecado pessoal dele; Cristo estava pendurado na cruz por causa do oficio dele. Sendo mediador entre Deus e os homens, representando o povo de Deus, Cristo aceitou voluntariamente o seu destino. Ele foi mandado para esta terra para realizar este sacrifício na cruz. Isso foi o seu destino. Os profetas já falaram sobre isso; os salmos já falaram sobre isso. Veja o Salmo 22, 35 ou salmo 69. Estes salmos já profetizaram sobre a morte do Cristo na cruz. Jesus devia morrer assim para nos salvar. Devemos nos lembrar sempre disso.
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Notas:
[1] Lutzer, Erwin. Os Brados da Cruz. Ed. Vida, São Paulo, SP, 2002: p. 23.
[2] Strobel, Lee. Em Defesa de Cristo, Ed. Vida, São Paulo, SP, 2000: p. 259.
[3] Ibid, p. 261.
[4] Ibid, p. 263.
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Fonte: [ NAPEC ] 
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terça-feira, 3 de julho de 2012

O consolo roubado

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O Consolo Roubado

"Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor. Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas? E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria. Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro da sua boca e o destruirá pela manifestação da sua vinda" (2 Ts 2.1-8).
Este trecho da Segunda Epístola de Paulo aos Tessalonicenses é um apelo consolador e tranqüilizador feito pelo apóstolo à igreja de Tessalônica. Entretanto, pelo poder do Espírito Santo, essa carta também transmite firmeza e certeza às igrejas de todas as épocas até chegar o arrebatamento. Mas essa carta também pode ser entendida como um alerta do apóstolo em relação a todos aqueles que querem abafar a esperança viva dos filhos de Deus, ou seja, a esperança de serem arrebatados antes da Grande Tribulação. Ela é um "libelo" contra aqueles que querem arrancar os filhos de Deus da graça plena de nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, também Pedro diz aos seus leitores crentes: "Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós" (1 Pe 3.14b-15).

Como se distinguem entre si "o Dia de Jesus", "o Dia do Senhor" e o "Dia de Deus"?

Para melhor entendimento e interpretação da palavra profética, é importante conhecer exatamente a diferença entre "o Dia de Jesus", "o Dia do Senhor" e "o Dia de Deus".
Em 2 Tessalonicenses 2.1 Paulo menciona a "vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" e a nossa "reunião com ele". Com isso Ele se refere ao dia do arrebatamento. No versículo 2 do mesmo capítulo, ele fala do "Dia do Senhor", e a seguir discorre sobre os acontecimentos a ele relacionados. O "Dia do Senhor" se refere à Grande Tribulação, ao juízo de Deus sobre a terra com a subseqüente vinda de Jesus Cristo para o estabelecimento do Seu reino. Esse sistema de ensino e essa diferenciação são encontrados em toda a Bíblia. Um autor diz:
"Segundo a revelação do Antigo Testamento, o Dia do Senhor será um período de juízo que terá seu ponto culminante na vinda de Cristo e será seguido por um período de bênçãos divinas especiais no Milênio". (Hal Lindsey, "O Arrebatamento")
Na primeira carta aos tessalonicenses o apóstolo Paulo fala principalmente do "Dia de Cristo", e na segunda carta ele fala do "Dia do Senhor". Agora vamos analisar mais de perto estes dois conceitos e também o terceiro período, o "Dia de Deus":

1. O Dia de Cristo

O "Dia de Cristo" foi revelado somente no Novo Testamento e se aplica unicamente à Igreja de Jesus. Por isso, ele está relacionado quase sempre com bênçãos, com promessas e com a esperança da glória de Cristo.
O "Dia de Cristo" foi revelado somente no Novo Testamento e se aplica unicamente à Igreja de Jesus. Por isso, ele está relacionado quase sempre com bênçãos, com promessas e com a esperança da glória de Cristo. Ele diz respeito ao retorno dos crentes renascidos para o reino do Pai (a casa do Pai), mas também ao tribunal de Cristo que vai acontecer nessa ocasião. Seguem alguns exemplos:
"...aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 1.7-8).
"Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus" (Fp 1.6).
"porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória" (Cl 3.3-4).
Encontramos outras passagens bíblicas sobre o assunto em 1 Coríntios 5.5; 1 Tessalonicenses 4.15-18; Filipenses 1.10; 2.16; 2 Coríntios 1.14; 5.10; 1 Timóteo 6.14; 2 Timóteo 4.8; 1 Pedro 1.7; 4.13 e 1 João 2.28.

2. O Dia do Senhor

O "Dia do Senhor", pelo contrário, não é uma nova revelação, mas já era conhecido no Antigo Testamento. Esse "dia" tem a ver com o justo juízo de Deus que cairá sobre o mundo incrédulo e castigará a rebelião contra Ele. Nesse dia igualmente acontecerá o juízo sobre o povo de Israel e seu restabelecimento espiritual. Trata-se da intervenção evidente e visível de Deus nos acontecimentos deste mundo.
Esse dia é o dia da Grande Tribulação e começa depois do "Dia de Cristo", ou seja, depois do arrebatamento. Ele resultará, finalmente, na vinda de Jesus em poder e glória juntamente com os Seus santos. Por isso ele também é chamado de "as dores" ou "dores de parto" (1 Ts 5.3). Em sua abrangência mais ampla, o "Dia do Senhor" se refere ao estabelecimento do reino de Jesus (Milênio) e conduz à derradeira destruição do antigo céu e da antiga terra. Também a esse respeito seguem alguns exemplos:
O Dia do Senhor é o dia da Grande Tribulação e começa depois do "Dia de Cristo", ou seja, depois do arrebatamento.
"Porque o Dia do Senhor dos Exércitos será contra todo soberbo e altivo e contra todo aquele que se exalta, para que seja abatido. Então, os homens se meterão nas cavernas das rochas e nos buracos da terra, ante o terror do Senhor e a glória da sua majestade, quando ele se levantar para espantar a terra" (Is 2.12 e 19; compare Ap 6.15-17).
"Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor" (At 2.19-20).
"se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus" (2 Ts 1.6-8; compare 2 Ts 2.10-12).
Outras passagens bíblicas sobre o "Dia do Senhor" são encontradas em Joel 1.15; 2.1-2; Ezequiel 30.3; Sofonias 1.14; Zacarias 14.4-5 e 8; 1 Tessalonicenses 5.1-5; 2 Pedro 1.16; 3.10 e Judas 14-15.

3. O Dia de Deus

O "Dia de Deus" é – após todos os acontecimentos mencionados anteriormente – o dia em que o próprio Deus triunfará definitivamente; depois que todo o mal tiver sido afastado e tudo estiver implantado na nova situação eterna e permanente, quando Deus será tudo em todos.
O "Dia de Deus" é – após todos os acontecimentos mencionados anteriormente – o dia em que o próprio Deus triunfará definitivamente; depois que todo o mal tiver sido afastado e tudo estiver implantado na nova situação eterna e permanente, quando Deus será tudo em todos. "Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente exclui aquele que tudo lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos" (1 Co 15.25-28). Nesse contexto a Palavra diz aos crentes: "...esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça" (2 Pe 3.12-13).

O consolo roubado

"Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele..." (2 Ts 2.1). A primeira parte dessa frase sem dúvida trata do arrebatamento da Igreja de Jesus, pois por intermédio dele ocorrerá a união visível do Noivo com a Noiva (compare também João 14.1-3 nesse contexto).
Nesse versículo lemos em outras versões:
"E agora, uma palavra sobre a volta do nosso Senhor Jesus Cristo e a nossa reunião para irmos encontrá-lO..." (A Bíblia Viva).
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele..." (Edição Revista e Corrigida).
Torna-se evidente que em 2 Tessalonicenses 2.1 Paulo se refere à primeira carta aos tessalonicenses, na qual explicou o arrebatamento em detalhes. Quando ele escreve na segunda carta (2.1): "...no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele...", somos forçosamente levados a pensar em 1 Tessalonicenses 4.17: "...e, assim estaremos para sempre com o Senhor", ou na palavra de nosso Senhor Jesus em João 14.3: "...e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também."

O consolo

Em relação ao arrebatamento da Igreja para junto de seu Senhor, está sempre em primeiro plano o consolo e não o temor. Quando a Bíblia fala do arrebatamento, constantemente menciona que a Igreja não precisa ficar entristecida, pois tem um consolo maravilhoso na volta de Jesus.
Em João 14.1, onde o Senhor fala pela primeira vez sobre o arrebatamento dos Seus, Ele enfatiza claramente: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim." A primeira parte desse versículo diz na Bíblia Viva:
"Que os corações de vocês não fiquem aflitos..."
"Que os corações de vocês não fiquem aflitos..."
O Senhor disse isso depois do sermão no Monte das Oliveiras, onde falou sobre a Grande Tribulação ("Dia do Senhor") que virá sobre toda a terra com angústia que nunca houve, e que antecederá Sua vinda em glória (Mt 24.21-22; Lc 21.11). O que o Senhor disse poderia ser traduzido com estas palavras: "A terra será visitada por um período de juízos, uma grande aflição, e depois Eu voltarei em glória. Mas tenham confiança, não fiquem com o coração pesado. Virei separadamente para vocês e os buscarei para Mim, para que vocês estejam onde eu estiver".
Em 1 Tessalonicenses 4.13 e 18 o apóstolo também fala sobre esse consolo: "Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras." A Igreja recebeu esse consolo e esta esperança viva pela graça e pelo poder do Senhor Jesus.
Em 1 Coríntios 15.51 e versículos seguintes, onde é descrito esse mistério, lemos na finalização: "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" (v. 58).
Paulo também conclui o segundo capítulo da segunda carta aos tessalonicenses com este profundo consolo para a Igreja: "Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra" (2 Ts 2.15-17).

O arrebatamento antes da Tribulação

"Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia vos apanhe de surpresa; porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Ts 5.4-5 e 9).
Na primeira carta aos tessalonicenses nos é mostrado claramente que o consolo da Igreja consiste do fato que o arrebatamento nos livrará do dia da ira de Deus (do "Dia do Senhor"): "...e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura" (1 Ts 1.10). William McDonald diz:
Aquele por quem esperamos é Jesus, "que nos livra da ira vindoura". Essa descrição de nosso Senhor que voltará pode ser entendida de duas maneiras:
1. Ele nos livra do castigo eterno que merecemos pelos nossos pecados. Na cruz Ele suportou a ira de Deus por nossos pecados. Pela fé em Jesus, o valor da Sua obra na cruz é creditado a nós. Daqui por diante não há mais condenação para nós, por estarmos em Cristo (Rm 8.1).
2. Ele nos livra igualmente da era de juízo que virá sobre esta terra, quando a "ira" de Deus será derramada sobre um mundo que rejeitou Seu Filho. Esse tempo é conhecido como "a Grande Tribulação", ou também o tempo da "angústia de Jacó" (Dn 9.27; Mt 24.4-28; 1 Ts 5.1-11; 2 Ts 2.1-12; Ap 6.1-17 e 10).
Essa "ira de Deus" começará na Grande Tribulação, como se vê claramente em Apocalipse 6.15-17. Também em 1 Tessalonicenses 5 é nitidamente do "Dia do Senhor" que o texto fala, dia que virá como ladrão de noite (vv. 2-3). Mas nesse contexto de juízo e castigo é dito à Igreja que ela será poupada desse dia: "Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa; porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Ts 5.4-5 e 9). A Bíblia Viva diz no versículo 9: "Porque Deus não nos escolheu para derramar sua ira sobre nós, mas para nos salvar por meio de nosso Senhor Jesus Cristo."
"Porque Deus não nos escolheu para derramar sua ira sobre nós, mas para nos salvar por meio de nosso Senhor Jesus Cristo."
Portanto, em resumo, podemos dizer: sempre que o Espírito Santo nos recorda o tema do arrebatamento, somos lembrados de todo o consolo do Evangelho de Jesus, da esperança da nossa vocação.
Os tessalonicenses foram bem instruídos sobre esse assunto. Por isso eles ficaram tão preocupados quando repentinamente surgiram rumores de que "o Dia do Senhor" (a Grande Tribulação) já havia chegado. Pois estaria acontecendo justamente o contrário do que eles haviam ouvido do apóstolo. Eles logo se preocuparam, ficaram com medo, abalados, surpresos, tristes, e começaram a vacilar. Por quê? Porque haviam abandonado a palavra da graça.

Os ladrões do consolo

Uma vez que os tessalonicenses estavam tão frustrados, Paulo escreveu-lhes: "...a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor" (2 Ts 2.2). Os tessalonicenses haviam permitido que falsos pregadores roubassem seu consolo.
A jovem igreja de Tessalônica vivia num tempo de dura perseguição. Sua fé estava sendo posta à prova. Eles foram afligidos da maneira mais cruel e tiveram que suportar muita aflição e tribulação (2 Ts 1.4-7). Além disso, nessa situação apareceram homens que ensinavam que o "Dia do Senhor" já havia chegado, que eles, portanto, já se encontravam na Grande Tribulação. Já que tinham sido ensinados que o arrebatamento aconteceria antes da Grande Tribulação ou do "Dia do Senhor", podemos entender sua inquietação. Os tessalonicenses estavam fora de si de susto e cheios de repentina insegurança. Será que o "Dia do Senhor" realmente já teria chegado? Mas, nesse caso, onde estaria a promessa de que antes deveriam esperar o Filho de Deus vindo do céu para livrá-los da ira vindoura (1 Ts 1.10; 5.9)? Teriam eles esperado em vão pelo arrebatamento? Será que realmente eles estavam sob a ira de Deus por passarem por perseguições e angústias? Pois eles haviam sido instruídos que não passariam pela ira de Deus, que o Dia do Senhor não os surpreenderia como um ladrão de noite, e que o dia do juízo seria para os outros, que estão fora, não para a Igreja de Jesus. Em 1 Tessalonicenses 5.1-5 havia sido dito a eles: "Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão. Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa; porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas."
Os cristãos de Tessalônica haviam sido confundidos totalmente pelas cartas falsificadas. Pretendia-se roubar deles a esperança contida na primeira carta de Paulo. Por isso o apóstolo lhes escreveu em sua segunda carta: "Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa" (2 Ts 2.15).
Reflitamos sobre isto: se o apóstolo lhes tivesse ensinado que de qualquer maneira eles entrariam no "Dia do Senhor" e a qualquer dia seriam arrebatados em meio à Grande Tribulação, eles não precisariam ter ficado preocupados. Então tudo, apesar de grandes angústias, tentações e perseguições que deveriam esperar, estaria "na mais perfeita ordem". Então teria sido perfeitamente normal para eles que a Grande Tribulação e o "Dia do Senhor" já houvessem chegado, e que assim o arrebatamento já estaria às portas. Então eles até poderiam alegrar-se que a situação já tinha chegado a esse ponto. Mas, conforme meu entendimento, por terem sido instruídos que o arrebatamento aconteceria antes da Grande Tribulação, eles estavam tão frustrados e inseguros.
Paulo disse claramente que o "Dia do Senhor" só diz respeito àqueles que não aceitaram o amor à verdade (que é Jesus), àqueles que não creram e que por isso perecem: "Ora, o aparecimento do iníquo" (o anticristo) "é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça" (2 Ts 2.9-12). Mas referindo-se à Igreja, ele escreveu: "Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra" (vv. 13-17). Existe, portanto, uma clara diferença entre "eles", que serão condenados no "Dia do Senhor", porque rejeitaram a verdade – e aqueles ("vós") que são escolhidos para alcançar a glória em Jesus Cristo, porque creram na verdade.
Evidentemente foi objetivo do inimigo roubar essa esperança dessa nova igreja de Tessalônica. Por isso ele espalhou sementes falsas entre eles em uma época quando realmente estavam sendo provados duramente, colocando dúvidas em seus corações e tentando derrubá-los totalmente da base da fé que haviam recebido. Isso chegou aos ouvidos do apóstolo Paulo, que por essa razão escreveu uma segunda carta aos tessalonicenses, carta que deveria ministrar-lhes segurança numa época de insegurança. Uma mensagem falsificada havia sido propagada entre os membros da igreja, que dizia justamente o contrário daquilo que eles haviam aprendido do apóstolo. Aqui estava operando – ao contrário do Espírito Santo – um espírito enganador. Aqui estava sendo transmitida uma falsa palavra, diferente da Palavra de Deus. E em contraste com as cartas de Paulo, tentou-se introduzir entre os membros dessa igreja uma falsa carta, talvez até com assinatura falsa. Surgiram falsos mestres, que diziam que o "Dia do Senhor" já havia chegado, que a Grande Tribulação, portanto, já havia começado. Eles até diziam apoiar-se no apóstolo Paulo. Por isso Paulo advertiu os tessalonicenses: "...nós vos exortamos a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor" (2 Ts 2.1b-2).
Assim procede o inimigo quando aparece como "anjo de luz": ele adapta sua mentira à verdade da Palavra de Deus. Seus servos, os falsos apóstolos, que se fazem passar por mensageiros de Jesus, anunciam a assim chamada "sã doutrina", mas que é pura heresia. É dessa maneira que Satanás semeia sua semente daninha, que num primeiro momento é muito semelhante à boa semente, mas que no fim nasce como fruto da dúvida (comp. 2 Co 11.13-15).
"Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa."
Por ser tão grande o perigo da falsificação, Paulo advertiu a respeito (2 Ts 2.2) e disse com ênfase no versículo 3: "Ninguém, de nenhum modo, vos engane..." Além disso, ele voltou a chamar a atenção a respeito no versículo 15 e no final da carta (3.17) mencionou a característica da sua própria assinatura:
"A saudação é de próprio punho: Paulo. Este é o sinal em cada epístola; assim é que eu assino."
"Agora, a minha saudação, que estou escrevendo de próprio punho, como faço no final de todas as minhas cartas, como prova de que ela é na realidade proveniente de mim. Esta é a minha letra" (A Bíblia Viva).
A pregação de que a Igreja ainda terá de passar pela Grande Tribulação rouba-lhe a expectativa de que o arrebatamento poderá acontecer a qualquer momento (1 Co 1.7-8; 1 Ts 1.10; Tg 5.7-8; 1 Pe 4.7; 5.1). Essa doutrina é inimiga da espera pela volta iminente de Jesus, e por isso ensina que o Senhor ainda não voltará ou não pode voltar, porque a Igreja terá que passar primeiro pela Grande Tribulação. Erroneamente as pessoas que ensinam isso ainda esperam pelo cumprimento de certos sinais dos tempos do fim, antes que o arrebatamento possa ocorrer. Mas não é assim. O arrebatamento pode ocorrer a qualquer momento, pois os sinais do tempo do fim (Mt 24; Mc 13; Lc 21.7ss etc.) referem-se à vinda de Jesus Cristo em glória no "Dia do Senhor" e na maioria dizem respeito a Israel. Aqueles que esperam que antes do arrebatamento deve ter início a Grande Tribulação e a revelação do anticristo, são pessoas que raramente têm uma visão da graça plena que nos foi dada por intermédio da salvação que Jesus realizou na cruz do Calvário e que nos é anunciada no Evangelho de Cristo.
Naturalmente também a verdadeira cristandade pode passar por tribulações, perseguições e catástrofes. Também ela pode ser atingida por guerras, miséria, fome, enfermidade e aflição. Sempre foi assim e também hoje esse ainda é o caso em muitas partes do mundo. A maior parte da Igreja de Jesus sobre a terra é perseguida, como acontece nos países dominados pelo comunismo e pelo islamismo. E isso continuará sendo assim até o arrebatamento. Os cristãos também tiveram que passar pela Primeira e pela Segunda Guerra Mundial. A qualquer tempo pode-se aplicar à Igreja as palavras do Senhor a Pedro: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo" (Lc 22.31), mas igualmente a verdade: "Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça" (v.32a). Jesus, como o Eterno Sumo Sacerdote, intercede pelos Seus diante de Deus e ora por eles (Jo 17.1; 1 Jo 2.1-2; Hb 6.17-20; 10.19-25). Segundo o meu entendimento, o Senhor não fará a Sua Igreja passar pelos sinais dos juízos, que dizem respeito à Grande Tribulação e ao "Dia do Senhor". "Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais" (Mt 24.21), que é determinada como juízo para um mundo de incredulidade e rebelião contra Deus. É o que se expressa de maneira muito clara em 2 Tessalonicenses 2.10-12; "...e com todo o engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça" (compare também 1 Ts 1.9-12).
Se a Igreja tivesse que esperar primeiro a revelação do anticristo e passasse pela Grande Tribulação, ela poderia calcular a época do arrebatamento de maneira bastante precisa, e poderia ter a certeza de que o Senhor ainda não teria vindo. Por isso: não nos deixemos roubar de maneira nenhuma o consolo de sermos arrebatados para junto de Jesus antes da Grande Tribulação! Mais uma vez digo a todos os crentes renascidos: "Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós" (2 Pe 3.14b-15). (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br/)