Um
apóstolo explicaria a reação de Deus em termos mais analíticos: “Mas onde o
pecado abundou, superabundou a graça”. Paulo sabia melhor do que ninguém que
essa graça não é merecida, ela vem da iniciativa de Deus, e não da nossa. Jogado
ao chão no caminho para Damasco, Paulo nunca se recuperou do impacto da graça: a
palavra sempre aparece o mais tardar na segunda frase de cada uma de suas
cartas. Como Frederick Buechner diz: “A graça é o melhor que ele pode
desejar-lhes porque a graça é o melhor que ele sempre recebeu”.
Paulo
repetia sempre a mesma coisa insistindo na graça porque sabia o que poderia
acontecer se nós crêssemos que merecemos o amor de Deus. Nos momentos de crise,
quando falhássemos complemente com Deus, ou quando por qualquer motivo não nos
sentíssemos amados, ficaríamos em terreno inseguro. Teríamos medo de que Deus
pudesse parar de nos amar quando descobrisse a verdade a nosso respeito. Paulo —
“o principal dos pecadores”, como ele mesmo se intitulou uma vez — sabia, sem
sombra de dúvida, que Deus ama as pessoas pelo que Ele é, e não pelo que
somos.
Consciente do aparente escândalo da graça, Paulo esforçou-se para
explicar como Deus fez a paz com os seres humanos. A graça nos desconcerta
porque vai contra a intuição que todos têm de que, diante da injustiça, algum
preço tem de ser pago. Um homicida não pode simplesmente ficar livre. Alguém que
abusa de crianças não pode desvencilhar-se dizendo: “Eu fiquei com vontade de
fazer isso”. Antecipando-se a tais objeções, Paulo destacou que um preço foi
pago — pelo próprio Deus. Ele desistiu do seu próprio Filho, Jesus Cristo, para
não desistir da humanidade.
Como na festa de Babette, a graça não custa
nada para os beneficiários, mas tudo para o doador. A graça de Deus não é uma
exibição que o vovô faz de sua “bondade”, pois custou o exorbitante preço do
Calvário. “Há apenas uma única lei real — a lei do universo”, disse Dorothy
Sayers. “Ela pode ser cumprida por meio do juízo ou por meio da graça, mas tem
de ser cumprida de um jeito ou de outro.” Aceitando o juízo em seu próprio
corpo, Jesus cumpriu a lei, e Deus encontrou um meio de perdoar.
No filme
The Last Emperor [O Último Imperador], a criança ungida como o último imperador
da China vive uma vida mágica de luxo com mil eunucos à sua disposição para
servi-la. “O que acontece quando você faz uma coisa errada?”, pergunta o irmão.
“Quando eu faço uma coisa errada, outra pessoa é castigada”, o imperador-menino
responde. Para demonstrar o que estava falando, ele quebra um jarro e um dos
servos é espancado. Na teologia cristã, Jesus inverteu esse padrão antigo:
quando os servos erraram, o Rei foi punido. A graça é gratuita apenas porque o
próprio doador assumiu o preço. Philip Yancey, em “Maravilhosa Graça”,
editora Vida Fonte: http://amandoaoproximo.blogspot.com
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